Relatório
das Aulas de Morfossintaxe da Língua Portuguesa
4º
Semestre
Conforme proposto pelas Atividades Praticas Supervisionadas, onde o tema
principal seria o RELATÓRIO
DESCRITIVO E REFLEXIVO DAS AULAS DE MORFOSSITAXE APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA,
fizemos um resumo de todas as aulas ministradas pela Profa. Ilka Teixeira
que utiliza em sala o livro Prática de morfossintaxe, de Inez Sautchuk.
Começamos o
semestre trabalhando os complementos verbais e a classificação dos verbos
quanto à predicação (Verbo Transitivo Direto, Verbo Transitivo Indireto, Verbo
Intransitivo e Verbo de Ligação).
Temos, a seguir,
um esquema do conteúdo estudado.
Os verbos podem
se comportar de algumas formas em relação a sua carga de sentido:
Verbo
Transitivo Direto: é o verbo que pede um complemento
direto, sem a preposição.
Ex:
“Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de García)
·
Produz:
Verbo Transitivo Direto
·
Riqueza
honrada: Objeto Direto (Complemento
Verbal obrigatório que integra o sentido do verbo)
Verbo
Transitivo Indireto: é o verbo que exige um complemento
regido por preposição, esse complemento é o Objeto Indireto (Complemento verbal obrigatório, sempre representado
por um sintagma preposicionado).
Ex:
“Do que eu mais gostava era do tempo do retiro espiritual.” (José Geraldo
Vieira)
·
Gostava:
Verbo Transitivo Indireto
·
Do
tempo do retiro espiritual: Objeto Direto (regido pela
preposição DE mais o artigo O = DO)
Verbo
Intransitivo: é o verbo que possui carga semântica
completa, ou seja, não precisa de um complemento para ter sentido.
Ex:
“Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de Assis)
·
Bastavam:
Verbo Intransitivo
Verbo
de Ligação: é o verbo que liga o sujeito a uma
palavra ou expressão. Essa palavra ou expressão pode ser considerada como o
complemento obrigatório desse tipo de verbo, Predicativo do Sujeito, e como complemento não obrigatório quando
acompanhar outros tipos de verbos.
Ex:
A lua parecia um disco
·
Parecia:
Verbo
de Ligação
·
Um
disco: Predicativo
do Sujeito
Há também o caso
do Predicativo do Objeto, sendo um
termo que se refere ao Objeto de um Verbo Transitivo:
Ex:
A doença deixou-me sem apetite.
·
A
doença: Sujeito
·
Deixou: Verbo Transitivo Indireto
·
Me:
Objeto
Indireto (a mim)
·
Sem
apetite: Predicativo do Objeto (se refere ao objeto indireto, me)
Temos ainda três
termos acessórios que podemos encontrar nas orações. São eles:
Adjunto
Adnominal: é o termo que caracteriza ou determina o
substantivo, dessa forma pode-se ter tantos adjuntos adnominais na oração
quantos forem os substantivos. Podem estar representados por numerais, adjetivos (locuções adjetivas),
artigos, pronomes possessivos, pronomes demonstrativos e pronomes indefinidos.
Ex:
Dois
homens sem escrúpulos e mal vestidos roubaram os livros de
meu pai e algumas de suas anotações.
·
Dois,
sem escrúpulos e mal vestidos, se referem a homens, portanto são Adjuntos Adnominais.
·
Os,
de meu pai e
algumas de suas¸ se referem a anotações,
também são adjuntos adnominais
Adjunto
Adverbial: é o termo que modifica um verbo, um adjetivo ou um
advérbio, exprimindo uma circunstância (tempo,
modo, lugar, intensidade).
Ex:
“Meninas numa tarde brincava de roda na praça” (Geraldo França Lima)
Aposto:
é uma palavra ou expressão que esclarece ou explica outro termo da oração.
Ex:
“Nicanor, ascensorista, expôs-me seu
caso de consciência.” (Carlos Drummond de Andrade)
“No fundo do
mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa
gente.” (Mário de Andrade)
Vocativo:
é o termo usado para chamar a pessoa ou coisa personificada a que nos
dirigimos.
Ex:
“A ordem, meus amigos, é a base do
governo.” (Machado de Assis)
“Meu nobre perdigueiro, vem comigo!”
(Castro Alves)
Foi dada uma
atenção especial ao complemento nominal, por ser um integrante da
oração que muito confunde com outros termos d oração, por ser sempre
representado por um sintagma preposicionado. Todo complemento nominal é exigido
o pelo sentido incompleto de um substantivo, geralmente abstrato, de um
adjetivo ou de um advérbio.
Ex:
A volta de meu filho deixou-me muito
feliz. | Minha esperança é a certeza de
sua vitória.
Fizemos
exercícios, na sua maioria, contidos no livro Prática de morfossintaxe, de Inez
Sautchuk, cap. 4.
Vimos, na aula
do dia 13 de Setembro, o Uso da Vírgula.
Sendo um dos sinais que marcam,
sobretudo a pausa, mas dirigido por algumas regras.
Resumidamente,
usamos a vírgula dos seguintes caso:
·
Separar
elementos da mesma função sintática:
Os passantes chegam, olham, perguntam e prosseguem.
“Nem eu, nem tu, nem
ela, nem qualquer outra pessoa desta história poderia responder
mais.” (Machado de Assis)
·
Separar
Vocativo:
“D. Glória, a senhora persiste na
idéia de meter nosso Bentinho no seminário¿” (Machado de Assis)
·
Separar
Aposto:
Lentos e triste,
os retirantes iam passando.
·
Separar
elementos explicativos:
“O jornal, como o entendem hoje em
dia, é o mergulho absoluto na intensidade da vida.” (Félix Pacheco)
·
Separar
expressões explicativas ou retificativas como isto é, a saber, por
exemplo, ou melhor, etc.:
O amor, isto é, o mais forte e
sublime dos sentimentos humanos, tem seu principio em Deus.
·
Separar
elementos repetidos:
“Contigo,
contigo, Antonio Machado
Fora bom “passear.”
(Cecília Meireles)
·
Indicar
a elipse de um termo:
“Às vezes sobre os ramos da árvore; outras,
remexe o uru de palha matizada” (José de Alencar)
·
Separar
Adjuntos adverbiais:
“Lá fora, a chuvada despenhou-se
por fim.” (Chico de Oliveira
“Com mais de setenta anos, andava
a pé” (Graciliano Ramos)
·
Separar,
nas datas, o nome do lugar:
São José dos Campos,
7 de Setembro de 2013.
·
Separar
orações coordenadas assindéticas:
“Acendeu um cigarro, cruzou as
pernas, estalou as unha, demorou o olhar em Mana Maria.”
(Antonio Alcântara Machado)
·
Separar
as orações coordenadas sindéticas, exceto as introduzidas pela conjunção e:
“Ou elas tocavam, ou jogávamos
os três, ou então lia-se alguma cousa.” (Machado de Assis)
·
Separar
as orações coordenadas unidas pela conjunção e, quando têm sujeitos
diferentes:
“O sol já ia fraco, e a tarde
era amena.” (Graça Aranha)
·
Separar
conjunções adversativas:
“Vá onde quiser, mas fique
morando conosco.” (O. C.)
No dia 13 de setembro de 2012 vimos as conjunções. Em
seguida a matéria estudada foi os períodos compostos. O período composto é
aquele em que há mais de uma oração. Para formar esses períodos podemos
utilizar dois processos sintáticos:
A
Coordenação: As orações não são independentes e
podem ser ligadas por conjunções ou simplesmente justapostas.
Ex:
“Assinei
as cartas e meti-as nos envelopes.” (Graciliano Ramos)
A
Subordinação: As orações dependem uma da outra
sintaticamente. O período é composto por uma ou mais orações principais e uma
ou mais orações dependentes, ou subordinadas.
As Orações
Coordenadas podem ser classificadas em:
·
Orações
Coordenadas Assindéticas estão colocadas uma após a outra,
sem ligação.
Ex:
“Será uma vida nova, começará hoje, não haverá nada para trás” (A. Abelaira)
·
Orações
Coordenadas Sindéticas estão ligadas por uma conjunção e
podem ser:
è As
Aditivas expressam adição, sequência
de fato e pensamentos:
As
pessoas não se mexiam nem falavam.
Os
livros não somente instruem, mas também divertem.
è As
Adversativas exprimem contraste,
oposição:
A espada vence,
mas não convence.
Havia
muito serviço, entretanto ninguém trabalhava.
è As
Alternativas exprimem alternância,
alternativa, exclusão:
Venha agora ou perderá a vez.
A menina ora sorria, ora chorava.
è As
Conclusivas expressam conclusão,
dedução, conseqüência:
Vives
mentindo; logo, não mereces fé.
Ele
é teu pai: respeita-lhe, pois a vontade.
è As
Explicativas exprimem conclusão,
motivo, razão:
O
cavalo estava cansado, pois arfava muito.
Decerto
alguém o agrediu, pois o nariz dele sangra
Há determinados períodos compostos por duas ou mais
orações onde uma depende da outra. Elas podem ser divididas em Orações Principais e Orações Subordinadas. As orações
principais são aquelas que vêm acompanhadas por outra que lhe completa o
sentido, é aquela que contém a idéia relevante do período, as orações
subordinadas são aquelas que completam o sentido da principal. As orações
subordinadas podem ser:
· As Orações
subordinadas Substantivas têm natureza substantiva. Podem ser:
1.
Subjetivas
– Funcionam
como sujeito do verbo:
É necessário que você colabore. [Sua colaboração]
Parece que a situação melhorou.
Sabe-se que ele é rico.
2.
Objetivas
Diretas – funcionam como o objeto direto do verbo da oração principal:
Ela esperou que o marido voltasse. [a volta do marido]
Veja que horas são.
O mestre exigia que todos estivessem presentes.
3.
Objetivas
Indiretas – funcionam como objeto indireto do verbo
da oração principal:
O prêmio será
entregue a quem o merecer.
Lembre-se de que a vida é breve.
O soldado
insistia em que a prisão fosse feita.
4.
Completivas
Nominais – quando exercem a função de complemento
nominal.
Sou favorável a que o prendam.
Sê grato a quem te ensina.
Ele tem a mania de enrolar os cabelos.
5.
Predicativa
– Quando
exerce a função de predicativo do sujeito:
Seu receio era que chovesse.
Não sou quem você pensa.
Para alguns a
pátria é onde se está bem.
6.
Apositivas
–
quando servem de aposto:
Só desejo uma
coisa: que sejas feliz.
Me diga, queres que eu me vá¿
Só lhe peço
isto: honre nosso nome.
· As
Orações subordinadas Adjetivas são
aquelas que exercem a função de Adjunto Adnominal. Pode ser:
1.
Explicativas
– explicam
ou esclarecem o termo anterior, normalmente entre vírgula:
Deus, que é nosso pai, nos salvará.
Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.
Meu pai, que é bravo, não me deixou sair.
2.
Restritivas
– restringem
ou limitam a significação do termo anterior:
Pedra que rola
não cria limo.
Os animais que
se alimentam de carne chamam-se carnívoros.
· As
Orações subordinadas Adverbiais são
aquelas que exercem a função de adjunto adverbial e podem se dividir em:
1.
Causais
–
exprimem causa, motivo, razão
O tambor soa porque é oco.
Armou-se porque temia.
Como
ele gritava,
ninguém se atreveu a falar.
2.
Comparativas
–
em uma comparação, elas são o segundo termo:
Ela o atraía, como o imã atrai o ferro.
Saiu tão triste como chegou.
Certos cantores
gesticulam mais do que cantam.
3.
Concessiva
–
exprime concessão, admissão em oposição ao da oração principal:
Admirava-o
muito, embora não o conhecesse
pessoalmente.
Os louvores, pequenos que sejam, são ouvidos com
agrado.
O responsável
deve ser punido, quem quer que seja
4.
Condicionais
–
condição, hipótese:
Se
o conhecesses,
não o condenaria.
Se
me convidares,
irei.
Não
fosse nossos pais,
quem seríamos¿
5.
Conformativas
–
acordo ou conformidade de um fato com outro:
Ela o atraía, como o imã atrai o ferro.
Saiu tão triste como chegou.
Certos cantores
gesticulam mais do que cantam.
6.
Consecutivas
– conseqüência,
efeito, resultado:
Fazia tanto frio
que meus dedos estava endurecidos.
Choveu de forma que os rios transbordaram.
De tal sorte
mudou que não a reconheço mais.
7.
Finais
– finalidade,
objetivo:
Fiz-lhe sinal
que prosseguisse
8.
Proporcionais
–
denotam proporção:
À
medida que se vive,
mais se aprende.
Quanto
mais se tem,
mais se deseja.
Quanto
maior a altura,
maior será o tombo.
9.
Temporais
– indica
o tempo em que acontece o fato da oração principal:
Formiga, quando quer se perder, cria asas.
Sempre
que o vejo,
esqueço de parabenizá-lo.
Enquanto
não chovia,corriam
pelo quintal.
Vimos as Orações Reduzidas, que são uma
possibilidade a mais de construção de períodos compostos. Elas se apresentam
sem conectivo (serão sempre subordinadas) e com o verbo numa forma nominal. Há
três tipos delas:
1.
Reduzidas
de Infinitivo –
Não
adianta reclamar[em,
mos] da sorte.
O essencial é salvarmos nossas vidas.
Importa prevenir os acidentes.
2.
Reduzidas
de Gerúndio –
Havia ali crianças pedindo esmolas
Ficando
aí,
nada verás.
Aprende-se um ofício praticando-o.
3.
Reduzidas
de Particípio –
Sitiada
por inimigos,
a cidade não se rendeu.
O menino trouxe
a gaiola, feita pelo pai.
Abertas
as portas,
entraram as visitas.
Em seguida, o Paralelismo Sintático é “um mecanismo de construção de enunciado que
permite não só melhorar a clareza da expressão escrita, como também acrescentar
a ela um toque de pura elegância sintática” (Prática de Morfossintaxe, Inez
Sautchuk, Ed. 2, p.179, Editora Manole). Esse recurso tem o seguinte princípio:
para idéias similares deve ter-se estruturas similares.
Ex:
Vamos
falar do início da campanha e como ela se comportará no decorrer do ano.
Vamos
falar do início da campanha e de seu comportamento no decorrer do
ano.
Precisamos
de crianças curiosas e jovens interessados.
Precisamos
de crianças interessantes e de jovens interessados.
Consideraremos, neste trabalho, morfossintaxe como o estudo
simultâneo da sintaxe e da morfologia, ou seja, o estudo em que, ao se
analisarem frases (sempre sem perder de vista seu contexto, a situação de texto
em que se encontram; considerando-se, portanto, também aspectos semânticos e
pragmáticos ), serão levadas em conta não só as funções sintáticas exercidas
por expressões nessas frases, mas também as classes gramaticais e as orações
que exercem essas funções, e, quanto às classes gramaticais em especial, seu
pertencimento a uma classe ou a outra dependendo das relações estabelecidas
dentro da frase em que estão sendo enunciadas.
Para melhor entendimento desse conceito o ideal é a pratica
constante de exercícios. Trazemos aqui uma proposta de atividade com textos que é uma possibilidade de trabalhar a morfossintaxe do sujeito e a do predicado na qual se procura levar o aluno a construir conceitos e perceber a
funcionalidade desses conteúdos na produção de textos.
Texto 1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
|
Seria bom
Seria bom se
fosse artista por um dia. Poderia
seriamente brincar de arte. Faria
de um violão emprego,ritmo e prazer.
Seria bom, muito bom,
se por dois dias artista fosse.
Declamaria secretos poemas.
Teria um pandeiro para romper
silêncios e fronteiras.
Seria bom, extremamente bom,
se fosse artista por três dias.
Teria um palco de segunda casa, de prediletos
segundos. Nas segundas, nas terças e
nas quartas.Domingos não demorariam tanto.
Seria bom,
exageradamente bom, se por quatro dias
artista fosse.
Teria oito fantasias. Quatro para usar, quatro
para realizar.
Seria bom, muito bom, extremamente e
exageradamente bom se meu pai e minha mãe me
compreendessem. Eu, compreendido e artista, seria bom.
(PINTO,
César Augusto Nunes. Seria bom [mensagempessoal]. Mensagem recebida
de
<inquilino25@aol.com> por<malupre@terra.com.br> em 15
nov. 2002.)
|
1- No texto aparece explicitamente o “eu” (primeira pessoa) apenas na
L.12. É possível dizer que ele aparece já desde a primeira linha, só que de
modo implícito?Que elementos comprovariam isso?
2- O texto tem um caráter subjetivo: demonstra sentimentos do
enunciador. Se fosse escrito em terceira pessoa (ele), será que faria surtir no
receptor o mesmo efeito que causa estando em primeira pessoa? Comente.
3- No texto há uma expressão que, ao mesmo tempo em que se repete se
expande. Que efeito isso causa no texto?
4- É possível perceber que tipo de artista o enunciador diz que seria
bom ser? Que tipo você acha que é? Que elementos do texto levam você a pensar
assim?
5- E para você, o que é ser artista? Que outros tipos de artista você
conhece ou sobre os quais já ouviu falar?
6- Você gostaria de ser artista? Que tipo de arte você gosta ou gostaria
de fazer?
7- E por falar em arte, o que você acha que ela é?
8-Utilizando o mesmo título e a primeira frase desse texto, escreva
outro texto colocando as suas expectativas com relação ao assunto.
Alem do resumo, a atividade aqui
proposta é apenas uma amostra do que, entre várias outras coisas, o professor
pode fazer em sala de aula com relação ao ensino de morfossintaxe. Ressaltamos
que não se trata de fórmulas prontas, mas de sugestões de possibilidades de
realizar esse trabalho.
Referencias
Bibliográficas:
CEGALLA,
Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa – 48ed. –
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008
CUNHA, Celso,
CINTRA, Luis F. Lindley. Nova Gramática do Português contemporâneo –
5ed. – Rio de Janeiro: Lexicon, 2008
SAUTCHUL, Inez. Prática
de Morfossintaxe – 2ed. – Barueri-SP: Manole, 2010
Israel Mateus de Medeiros B40317-9
Hellem Cristhina da Silva B4513C4
Ótimo trabalho. Bem elaborado. Parabéns!!
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