quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Relatório das Aulas de Morfossintaxe da Língua Portuguesa 4º Semestre

Relatório das Aulas de Morfossintaxe da Língua Portuguesa
4º Semestre
                  Conforme proposto pelas Atividades Praticas Supervisionadas, onde o tema principal seria o RELATÓRIO DESCRITIVO E REFLEXIVO DAS AULAS DE MORFOSSITAXE APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA, fizemos um resumo de todas as aulas ministradas pela Profa. Ilka Teixeira que utiliza em sala o livro Prática de morfossintaxe, de Inez Sautchuk. 

Começamos o semestre trabalhando os complementos verbais e a classificação dos verbos quanto à predicação (Verbo Transitivo Direto, Verbo Transitivo Indireto, Verbo Intransitivo e Verbo de Ligação).
Temos, a seguir, um esquema do conteúdo estudado.
Os verbos podem se comportar de algumas formas em relação a sua carga de sentido:
Verbo Transitivo Direto: é o verbo que pede um complemento direto, sem a preposição.
Ex: “Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de García)
·          Produz: Verbo Transitivo Direto
·          Riqueza honrada: Objeto Direto (Complemento Verbal obrigatório que integra o sentido do verbo)

Verbo Transitivo Indireto: é o verbo que exige um complemento regido por preposição, esse complemento é o Objeto Indireto (Complemento verbal obrigatório, sempre representado por um sintagma preposicionado).
Ex: “Do que eu mais gostava era do tempo do retiro espiritual.” (José Geraldo Vieira)
·          Gostava: Verbo Transitivo Indireto
·          Do tempo do retiro espiritual: Objeto Direto (regido pela preposição DE mais o artigo O = DO)

Verbo Intransitivo: é o verbo que possui carga semântica completa, ou seja, não precisa de um complemento para ter sentido.
Ex: “Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de Assis)
·          Bastavam: Verbo Intransitivo

Verbo de Ligação: é o verbo que liga o sujeito a uma palavra ou expressão. Essa palavra ou expressão pode ser considerada como o complemento obrigatório desse tipo de verbo, Predicativo do Sujeito, e como complemento não obrigatório quando acompanhar outros tipos de verbos.
Ex: A lua parecia um disco
·          Parecia: Verbo de Ligação
·          Um disco: Predicativo do Sujeito

Há também o caso do Predicativo do Objeto, sendo um termo que se refere ao Objeto de um Verbo Transitivo:
Ex: A doença deixou-me sem apetite.
·          A doença: Sujeito
·          Deixou: Verbo Transitivo Indireto
·          Me: Objeto Indireto (a mim)
·          Sem apetite: Predicativo do Objeto (se refere ao objeto indireto, me)

Temos ainda três termos acessórios que podemos encontrar nas orações. São eles:

Adjunto Adnominal: é o termo que caracteriza ou determina o substantivo, dessa forma pode-se ter tantos adjuntos adnominais na oração quantos forem os substantivos. Podem estar representados por numerais, adjetivos (locuções adjetivas), artigos, pronomes possessivos, pronomes demonstrativos e pronomes indefinidos.
Ex: Dois homens sem escrúpulos e mal vestidos roubaram os livros de meu pai e algumas de suas anotações.
·          Dois, sem escrúpulos e mal vestidos, se referem a homens, portanto são Adjuntos Adnominais.
·          Os, de meu pai e algumas de suas¸ se referem a anotações, também são adjuntos adnominais

Adjunto Adverbial: é o termo que modifica um verbo, um adjetivo ou um advérbio, exprimindo uma circunstância (tempo, modo, lugar, intensidade).
Ex: “Meninas numa tarde brincava de roda na praça” (Geraldo França Lima)

Aposto: é uma palavra ou expressão que esclarece ou explica outro termo da oração.
Ex: “Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de consciência.” (Carlos Drummond de Andrade)
“No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente.” (Mário de Andrade)

Vocativo: é o termo usado para chamar a pessoa ou coisa personificada a que nos dirigimos.
Ex: “A ordem, meus amigos, é a base do governo.” (Machado de Assis)
Meu nobre perdigueiro, vem comigo!” (Castro Alves)

Foi dada uma atenção especial ao complemento nominal, por ser um integrante da oração que muito confunde com outros termos d oração, por ser sempre representado por um sintagma preposicionado. Todo complemento nominal é exigido o pelo sentido incompleto de um substantivo, geralmente abstrato, de um adjetivo ou de um advérbio.
Ex: A volta de meu filho deixou-me muito feliz. | Minha esperança é a certeza de sua vitória.

Fizemos exercícios, na sua maioria, contidos no livro Prática de morfossintaxe, de Inez Sautchuk, cap. 4.

Vimos, na aula do dia 13 de Setembro, o Uso da Vírgula.  Sendo um dos sinais que marcam, sobretudo a pausa, mas dirigido por algumas regras.
Resumidamente, usamos a vírgula dos seguintes caso:
·          Separar elementos da mesma função sintática:
Os passantes chegam, olham, perguntam e prosseguem.
Nem eu, nem tu, nem ela, nem qualquer outra pessoa desta história poderia responder mais.” (Machado de Assis)
·          Separar Vocativo:
D. Glória, a senhora persiste na idéia de meter nosso Bentinho no seminário¿” (Machado de Assis)
·          Separar Aposto:
Lentos e triste, os retirantes iam passando.
·          Separar elementos explicativos:
“O jornal, como o entendem hoje em dia, é o mergulho absoluto na intensidade da vida.” (Félix Pacheco)
·          Separar expressões explicativas ou retificativas como isto é, a saber, por exemplo, ou melhor, etc.:
O amor, isto é, o mais forte e sublime dos sentimentos humanos, tem seu principio em Deus.
·          Separar elementos repetidos:
“Contigo, contigo, Antonio Machado
Fora bom “passear.” (Cecília Meireles)
·          Indicar a elipse de um termo:
“Às vezes sobre os ramos da árvore; outras, remexe o uru de palha matizada” (José de Alencar)
·          Separar Adjuntos adverbiais:
Lá fora, a chuvada despenhou-se por fim.” (Chico de Oliveira
Com mais de setenta anos, andava a pé” (Graciliano Ramos)
·          Separar, nas datas, o nome do lugar:
São José dos Campos, 7 de Setembro de 2013.
·          Separar orações coordenadas assindéticas:
Acendeu um cigarro, cruzou as pernas, estalou as unha, demorou o olhar em Mana Maria.” (Antonio Alcântara Machado)
·          Separar as orações coordenadas sindéticas, exceto as introduzidas pela conjunção e:
Ou elas tocavam, ou jogávamos os três, ou então lia-se alguma cousa.”  (Machado de Assis)
·          Separar as orações coordenadas unidas pela conjunção e, quando têm sujeitos diferentes:
O sol já ia fraco, e a tarde era amena.” (Graça Aranha)
·          Separar conjunções adversativas:
“Vá onde quiser, mas fique morando conosco.” (O. C.)

No dia 13 de setembro de 2012 vimos as conjunções. Em seguida a matéria estudada foi os períodos compostos. O período composto é aquele em que há mais de uma oração. Para formar esses períodos podemos utilizar dois processos sintáticos:
A Coordenação: As orações não são independentes e podem ser ligadas por conjunções ou simplesmente justapostas.
Ex: “Assinei as cartas e meti-as nos envelopes.” (Graciliano Ramos)
A Subordinação: As orações dependem uma da outra sintaticamente. O período é composto por uma ou mais orações principais e uma ou mais orações dependentes, ou subordinadas.

As Orações Coordenadas podem ser classificadas em:
·          Orações Coordenadas Assindéticas estão colocadas uma após a outra, sem ligação.
Ex: “Será uma vida nova, começará hoje, não haverá nada para trás” (A. Abelaira)

·          Orações Coordenadas Sindéticas estão ligadas por uma conjunção e podem ser:
è    As Aditivas expressam adição, sequência de fato e pensamentos:
As pessoas não se mexiam nem falavam.
Os livros não somente instruem, mas também divertem.
è    As Adversativas exprimem contraste, oposição:
A espada vence, mas não convence.
Havia muito serviço, entretanto ninguém trabalhava.
è    As Alternativas exprimem alternância, alternativa, exclusão:
Venha agora ou perderá a vez.
A menina ora sorria, ora chorava.
è    As Conclusivas expressam conclusão, dedução, conseqüência:
Vives mentindo; logo, não mereces fé.
Ele é teu pai: respeita-lhe, pois a vontade.
è    As Explicativas exprimem conclusão, motivo, razão:
O cavalo estava cansado, pois arfava muito.
Decerto alguém o agrediu, pois o nariz dele sangra

Há determinados períodos compostos por duas ou mais orações onde uma depende da outra. Elas podem ser divididas em Orações Principais e Orações Subordinadas. As orações principais são aquelas que vêm acompanhadas por outra que lhe completa o sentido, é aquela que contém a idéia relevante do período, as orações subordinadas são aquelas que completam o sentido da principal. As orações subordinadas podem ser:
·       As Orações subordinadas Substantivas têm natureza substantiva. Podem ser:
1.               Subjetivas – Funcionam como sujeito do verbo:
É necessário que você colabore. [Sua colaboração]
Parece que a situação melhorou.
Sabe-se que ele é rico.
2.               Objetivas Diretas – funcionam como o objeto direto do verbo da oração principal:
Ela esperou que o marido voltasse. [a volta do marido]
Veja que horas são.
O mestre exigia que todos estivessem presentes.

3.               Objetivas Indiretas – funcionam como objeto indireto do verbo da oração principal:
O prêmio será entregue a quem o merecer.
Lembre-se de que a vida é breve.
O soldado insistia em que a prisão fosse feita.
4.               Completivas Nominais – quando exercem a função de complemento nominal.
Sou favorável a que o prendam.
Sê grato a quem te ensina.
Ele tem a mania de enrolar os cabelos.
5.               Predicativa – Quando exerce a função de predicativo do sujeito:
Seu receio era que chovesse.
Não sou quem você pensa.
Para alguns a pátria é onde se está bem.
6.               Apositivas – quando servem de aposto:
Só desejo uma coisa: que sejas feliz.
Me diga, queres que eu me vá¿
Só lhe peço isto: honre nosso nome.
·      As Orações subordinadas Adjetivas são aquelas que exercem a função de Adjunto Adnominal. Pode ser:
1.               Explicativas – explicam ou esclarecem o termo anterior, normalmente entre vírgula:
Deus, que é nosso pai, nos salvará.
Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.
Meu pai, que é bravo, não me deixou sair.
2.               Restritivas – restringem ou limitam a significação do termo anterior:
Pedra que rola não cria limo.
Os animais que se alimentam de carne chamam-se carnívoros.
·      As Orações subordinadas Adverbiais são aquelas que exercem a função de adjunto adverbial e podem se dividir em:
1.               Causais – exprimem causa, motivo, razão
O tambor soa porque é oco.
Armou-se porque temia.
Como ele gritava, ninguém se atreveu a falar.
2.               Comparativas – em uma comparação, elas são o segundo termo:
Ela o atraía, como o imã atrai o ferro.
Saiu tão triste como chegou.
Certos cantores gesticulam mais do que cantam.
3.               Concessiva – exprime concessão, admissão em oposição ao da oração principal:
Admirava-o muito, embora não o conhecesse pessoalmente.
Os louvores, pequenos que sejam, são ouvidos com agrado.
O responsável deve ser punido, quem quer que seja
4.               Condicionais ­– condição, hipótese:
Se o conhecesses, não o condenaria.
Se me convidares, irei.
Não fosse nossos pais, quem seríamos¿
5.               Conformativas ­– acordo ou conformidade de um fato com outro:
Ela o atraía, como o imã atrai o ferro.
Saiu tão triste como chegou.
Certos cantores gesticulam mais do que cantam.
6.               Consecutivas – conseqüência, efeito, resultado:
Fazia tanto frio que meus dedos estava endurecidos.
Choveu de forma que os rios transbordaram.
De tal sorte mudou que não a reconheço mais.
7.               Finais – finalidade, objetivo:
Fiz-lhe sinal que prosseguisse
8.               Proporcionais – denotam proporção:
À medida que se vive, mais se aprende.
Quanto mais se tem, mais se deseja.
Quanto maior a altura, maior será o tombo.
9.               Temporais – indica o tempo em que acontece o fato da oração principal:
Formiga, quando quer se perder, cria asas.
Sempre que o vejo, esqueço de parabenizá-lo.
Enquanto não chovia,corriam pelo quintal.

Vimos as Orações Reduzidas, que são uma possibilidade a mais de construção de períodos compostos. Elas se apresentam sem conectivo (serão sempre subordinadas) e com o verbo numa forma nominal. Há três tipos delas:
1.               Reduzidas de Infinitivo
Não adianta reclamar[em, mos] da sorte.
O essencial é salvarmos nossas vidas.
Importa prevenir os acidentes.
2.               Reduzidas de Gerúndio
Havia ali crianças pedindo esmolas
Ficando aí, nada verás.
Aprende-se um ofício praticando-o.
3.               Reduzidas de Particípio
Sitiada por inimigos, a cidade não se rendeu.
O menino trouxe a gaiola, feita pelo pai.
Abertas as portas, entraram as visitas.

Em seguida, o Paralelismo Sintático é “um mecanismo de construção de enunciado que permite não só melhorar a clareza da expressão escrita, como também acrescentar a ela um toque de pura elegância sintática” (Prática de Morfossintaxe, Inez Sautchuk, Ed. 2, p.179, Editora Manole). Esse recurso tem o seguinte princípio: para idéias similares deve ter-se estruturas similares.

Ex:
Vamos falar do início da campanha e como ela se comportará no decorrer do ano.
Vamos falar do início da campanha e de seu comportamento no decorrer do ano.
Precisamos de crianças curiosas e jovens interessados.
Precisamos de crianças interessantes e de jovens interessados.



Consideraremos, neste trabalho, morfossintaxe como o estudo simultâneo da sintaxe e da morfologia, ou seja, o estudo em que, ao se analisarem frases (sempre sem perder de vista seu contexto, a situação de texto em que se encontram; considerando-se, portanto, também aspectos semânticos e pragmáticos ), serão levadas em conta não só as funções sintáticas exercidas por expressões nessas frases, mas também as classes gramaticais e as orações que exercem essas funções, e, quanto às classes gramaticais em especial, seu pertencimento a uma classe ou a outra dependendo das relações estabelecidas dentro da frase em que estão sendo enunciadas.
Para melhor entendimento desse conceito o ideal é a pratica constante de exercícios. Trazemos aqui uma proposta de atividade com textos que é uma possibilidade de trabalhar a morfossintaxe do sujeito e a do predicado na qual se procura levar o aluno a construir conceitos e perceber a funcionalidade desses conteúdos na produção de textos.
Texto 1


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Seria bom

Seria bom se fosse artista por um dia. Poderia seriamente brincar de arte. Faria de um violão emprego,ritmo e prazer.
Seria bom, muito bom, se por dois dias artista fosse. Declamaria secretos poemas. Teria um pandeiro para romper silêncios e fronteiras.
Seria bom, extremamente bom, se fosse artista por três dias. Teria um palco de segunda casa, de prediletos segundos. Nas segundas, nas terças e nas quartas.Domingos não demorariam tanto.
Seria bom, exageradamente bom, se por quatro dias artista fosse. Teria oito fantasias. Quatro para usar, quatro para realizar.
Seria bom, muito bom, extremamente e exageradamente bom se meu pai e minha mãe me compreendessem. Eu, compreendido e artista, seria bom.
(PINTO, César Augusto Nunes. Seria bom [mensagempessoal]. Mensagem recebida de <inquilino25@aol.com> por<malupre@terra.com.br> em 15 nov. 2002.)

1- No texto aparece explicitamente o “eu” (primeira pessoa) apenas na L.12. É possível dizer que ele aparece já desde a primeira linha, só que de modo implícito?Que elementos comprovariam isso?
2- O texto tem um caráter subjetivo: demonstra sentimentos do enunciador. Se fosse escrito em terceira pessoa (ele), será que faria surtir no receptor o mesmo efeito que causa estando em primeira pessoa? Comente.
3- No texto há uma expressão que, ao mesmo tempo em que se repete se expande. Que efeito isso causa no texto?
4- É possível perceber que tipo de artista o enunciador diz que seria bom ser? Que tipo você acha que é? Que elementos do texto levam você a pensar assim?
5- E para você, o que é ser artista? Que outros tipos de artista você conhece ou sobre os quais já ouviu falar?
6- Você gostaria de ser artista? Que tipo de arte você gosta ou gostaria de fazer?
7- E por falar em arte, o que você acha que ela é?
8-Utilizando o mesmo título e a primeira frase desse texto, escreva outro texto colocando as suas expectativas com relação ao assunto.


 Alem do resumo, a atividade aqui proposta é apenas uma amostra do que, entre várias outras coisas, o professor pode fazer em sala de aula com relação ao ensino de morfossintaxe. Ressaltamos que não se trata de fórmulas prontas, mas de sugestões de possibilidades de realizar esse trabalho.   






Referencias Bibliográficas:
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa – 48ed. – São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008
CUNHA, Celso, CINTRA, Luis F. Lindley. Nova Gramática do Português contemporâneo – 5ed. – Rio de Janeiro: Lexicon, 2008
SAUTCHUL, Inez. Prática de Morfossintaxe – 2ed. – Barueri-SP: Manole, 2010





Ana Elisa Costa B4256g-8
Israel Mateus de Medeiros B40317-9
Hellem Cristhina da Silva B4513C4


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